quarta-feira, 16 de julho de 2008

E o resto das alternativas?

PUBLICO.PT: "A viabilidade dos biocombustíveis só é possível devido aos apoios públicos dados à sua produção, conclui um relatório da OCDE hoje divulgado. Segundo os cálculos feitos no estudo, os subsídios atribuídos fazem com que cada tonelada de carbono evitada pelos biocombustíveis custe entre 600 e 1070 euros, quando, no mercado, está a 26 euros."

É já a seguir! (o fim, quero dizer).
Então e o resto das energias? Porque é que pagamos a electricidade ao preço a que pagamos? Para subsidiar as eólicas e as solares! Porque também essas não são viáveis sem os apoios públicos, porque se gasta mais energia a produzir um painel solar do que a energia que este produz em 15 anos. Porque é mais barato (ainda) queimar petróleo para produzir electricidade do que instalar 500 geradores eólicos no cú do mundo a produzir electricidade quando lhes apetece!

1 comentário:

Alvaro disse...

É claro que nessa análise só está a considerar o custo imediato. Quer dizer, por um lado não considera os custos de prospecção, instalação e refinação de hidrocarbonetos (considera a capacidade instalada de produção actual), por outro não tem em conta que os custos de produção, instalação e operação das energias renováveis só poderão baixar com a vulgarização da sua utilização. E é nessa vulgarização que os estados têm um papel fundamental, optando, de forma clara e inequívoca, por beneficiar este tipo de recursos em detrimento dos combustíveis fósseis.
Concordo que o investimento em grandes centrais de produção (solar, por exemplo) não será a via mais interessante. A grande vantagem em larga escala, quanto a mim, das energias renováveis é a possibilidade de instalação local, com um impacte imediato na eficiência da rede e na redução de consumo de hidrocarbonetos (bem como no envolvimento da população: produzir localmente poderá ajudar a perceber as diferenças e a reduzir o consumo). Ou seja, o papel dos Estados deveria ser o de definir que qualquer construção (pelo menos de uso público) tenha uma forma de produção local de energia a partir de fontes renováveis, já para não falar no aquecimento. Hospitais, escolas, prisões, edifícios da administração pública, todos eles, a começar nos novos, deveriam já estar preparados para microprodução de energia e para aquecimento de águas por painéis solares ou geotermia. Isso contribuiria decisivamente para a adopção de uma nova política energética, baixaria os custos de produção e de instalação e aumentaria a eficiência (grande parte da ineficiência energética está no transporte).
Do ponto de vista económico, apostar no desenvolvimento de tecnologias de microgeração de electricidade é uma forma de contornar a nossa dependência energética do exterior e a inexistência de petróleo em Portugal. Desta forma, o país poderia efectivamente especializar-se numa área que terá cada vez mais impacte na economia global, criar postos de trabalho especializados e indústria local com potencial de crescimento.
É claro que tudo isto só faz sentido se, em simultâneo, se apostar de forma séria no aumento da eficiência e na redução do consumo. Não há energias, alternativas ou não, que resistam a um consumo desregrado.
Por que não, por exemplo, uma diferenciação maior nas tarifas do consumo per capita, favorecendo os que consomem menos?